Complementando essa opinião, outro participante relata que esses espaços estão nessa situação porque "Não estão sendo cumpridas as recomendações das políticas públicas voltadas para os idosos" (P.4). Segundo Sugiyama e Thompson , a existência de suporte ambiental adequado é fundamental para que os idosos permaneçam ativos e independentes. Essa concepção é compatível com os resultados de pesquisas que indicam que espaços com carência de recursos ambientais podem ser um dos fatores que desencorajam os idosos a serem mais ativos (Humpel, Owen & Leslie, 2002).
As respostas dos participantes, de um modo geral, indicam que os profissionais relacionam o EA à aquisição ou manutenção da saúde e qualidade de vida, na qual se inclui competência para manter a autonomia, aperfeiçoar as capacidades funcionais e utilizar seu potencial para realizações pessoais respeitando seus limites. Nesse aspecto, nota-se que os especialistas não se limitaram a relacionar o termo "estar ativo" a estar apenas fisicamente ativo, empregando o conceito de modo mais abrangente. Apenas um participante (P.6) deu maior ênfase ao aspecto físico, ressaltando a importância da prática da atividade física para a manutenção da saúde. 63 praças ainda seguiam os padrões ecléticos, destinados a passeio e à apreciação da natureza, já o lazer esportivo era habitualmente praticado nas periferias pelas classes mais baixas e nos clubes pelas classes mais abastadas.
Segundo os entrevistados, opções de recursos que estimulam a realização de atividades como as ATIs representam uma forma de tornar o ambiente das praças mais atrativo aos idosos, diversificando as possibilidades de uso desse espaço de forma saudável. Percebem que os que se envolvem em atividades demonstram ter mais disposição, são mais participativos e relatam sentimento de bem-estar mais frequentemente. Para que os benefícios possam ser maximizados, recomendam, ainda, que o uso dos aparelhos seja orientado por profissionais da educação física, de modo a evitar que o uso inadequado acarrete prejuízos à saúde e à integridade física dos usuários. Ao tratar do sentimento de segurança em ambientes externos, Jones, Hillsdon e Coombes mencionam que, embora áreas mais carentes de suporte como algumas áreas públicas possam ser mais acessíveis à presença, as percepções negativas que podem vir de sinais de vandalismo, aparência de abandono, pichações, entre outros, inibem o seu uso. Nesse sentido, pode-se entender que a acessibilidade permite a presença, mas não garante a permanência. A permanência e seu uso concomitante estão relacionados à existência de outros elementos do suporte ambiental, tais como estrutura para permanência, estrutura para atividades, aprazibilidade e a possibilidade de contatos sociais.
Praças: O mais recente de arquitetura e notícia
Ambientes com a capacidade de transmitir uma sensação agradável pelo fato de simplesmente neles se estar, podem estimular a participação e o seu uso mais frequente. Por outro lado, ambientes que provocam percepções desagradáveis podem constituir uma barreira à presença e participação. Estudos têm relatado que a presença de lixo, entulho, fezes caninas, falta de conservação e manutenção, sinais de vandalismo e grafite podem diminuir o sentimento de bem-estar e inibir a presença e a participação (Gearin & Kahle, 2006; Hoehner, Ramirez, Elliott, Handy & Brownson, 2005; WHO, 2008). É muito fácil colaborar se você tem interesse em ajudar a cultivar esses espaços de encontro. A ferramenta de adoção colaborativa pode ajudar a recuperar a praça mais próxima do seu bairro.
4.5 Praças no Brasil
As igrejas foram importantes para a morfologia da cidade tradicional e determinantes para a vida e história de várias cidades brasileiras. Como exemplo de espaços públicos que serviam de adro a igrejas importantes têm o Terreiro de Jesus, em Salvador, e a Praça XV de Novembro, no Rio de Janeiro. Esses três primeiros projetos mostram pequenos espaços públicos que se integram na cidade oferecendo espaços de encontro e possibilitando o contato e a interação social. A "Piazza Gae Aulenti / AECOM" [Piazza Gae Aulenti / AECOM], na Itália, é uma praça Italiana que foca na organização dos fluxos e na integração de infraestruturas com o tecido urbano. Optando por elementos esculturais, a praça parte de um fluxo circular contínuo, marcado por bancos em torno de um espelho d'água com 60 metros de diâmetro. Esse espelho d'água cai em forma de cascata dois pavimentos abaixo do nível da rua, onde há estacionamentos e unidades comerciais.
Ambientes que não oferecem o suporte necessário às atividades cotidianas afetam negativamente o bem-estar objetivo e subjetivo de seus usuários. Quando possuem autonomia funcional, os próprios idosos costumam providenciar arranjos para que seus ambientes se tornem seguros, confortáveis e interessantes (por meio da modificação da disposição dos móveis, objetos e acessórios, cuidados com plantas e outras iniciativas). Por outro lado, quanto maiores forem as dificuldades físicas e cognitivas das pessoas menos elas terão autonomia para atuar nas condições ambientais, de projetos arquitetônicos modo que um ambiente desfavorável poderá impor uma influência maior sobre elas, limitando suas possibilidades de uso do espaço. A praça moderna foi consolidada como espaço essencial para a vida na cidade; diante do processo acelerado de urbanização e verticalização, a população passou a valorizar cada vez mais esses espaços. A praça deixou de ser cenário e passou a ser um espaço livre destinado ao lazer contemplativo, lazer esportivo, convivência social, recreação infantil. Elementos como palcos e anfiteatros ao ar livre passaram a ser implantados com freqüência .
Praças no Brasil
Junia desenvolveu o trabalho buscando a trajetória do espaço da praça da sua origem às transformações da cidade e a importância que esses espaços vão adquirindo em algumas das principais cidades brasileiras no contexto político, caso de Salvador, a primeira capital, Rio de Janeiro, São Paulo, que refletem a história urbana do Brasil, e sua capital, Brasília. Além de projetar equipamentos habitacionais ou de cultura, abordar o espaço público em comunidades que habitam espaços vulneráveis também é urgente e necessário para brindar uma infraestrutura digna que traga qualidade de vida à população. Por isso, reunimos sete intervenções em territórios marginalizados que demonstram o potencial de transformação que pode surgir a partir do espaço. Complementando essa ideia, Sugiyama e Thompson afirmam que, para se beneficiar da interação social que ocorre nos EAUPs, basta sair e permanecer no ambiente por alguns instantes. Além disso, o usuário pode vir a participar de outras atividades, alternando entre as formas ativas e passivas, a partir dos estímulos e das possibilidades de socialização que o ambiente propicia.
Para além dos espaços livres que são derivados do tecido urbano, seja ele formal ou informal, a cidade contemporânea, principalmente as grandes metrópoles que carecem de espaços verdes, criaram alternativas dentro dos espaços vagos possíveis. Dentro desse cenário, algumas praças acontecem em espaços internos aos lotes, quebrando a lógica dos espaços públicos e privados, e criando espaços coletivos, como é o caso do Pocket Park - Xinhua Road em Shanghai por SHUISHI. Uma cidade lúdica é uma cidade projetada com o objetivo de promover o jogo, o lazer e a criatividade em seu espaço público e arquitetura. Ela oferece oportunidades de encontro que ajudam a desenvolver social e culturalmente uma comunidade, e melhora a qualidade de vida, trazendo elementos essenciais para hábitos mais saudáveis e equilibrados. Assim, interfere diretamente no desenvolvimento cognitivo e emocional de seus cidadãos, ao estimular a criatividade e a imaginação ao proporcionar espaços para a diversão. Apesar dos benefícios relatados, conforme afirma um dos participantes, "Na cidade de Natal existem poucos espaços abertos que oferecem as condições mínimas para essas possibilidades de interação social para os idosos. Algumas praças são extremamente inadequadas para uso e permanência de qualquer faixa etária" (P.7).

